൬açãziɳha

Sinto que perdi o juízo, pensamentos intrusivos embaralham feito um jogo de cartas, desestruturando toda a nossa existência...
Existência essa que me faz pensar nos detalhes do seu corpo inventado, se juntando com a do seu verdadeiro e ali me vicio em tudo que conheço de ti...
Não posso perder nada do que é seu, mesmo que tu sejas inventado...porque mesmo inventado, em algum lugar existe uma verdade sobre você.
Meu amor, sempre te amei ardendo em chamas, nada apagava esse fogo que me consumia e o fogo que parecia ser impossível de apagar, hoje se apaga...Não por opção ou porque perdi o desejo em você, e sim porque tudo em mim que tem você só quer deitar e adormecer...
Então não pense que meu amor se foi, porque não foi! Cada molécula sua é como um perfume irresistível, que se impregna no meu espírito necessitado por esse seu cheiro.
Meu bem, meu mal, meu amor, quanto mais eu pensava em te esquecer, mais eu pensava em te querer. E para quê? O que pedi à Deus, Ele não me concedeu, mas você Ele me deu...Por que Deus me daria alguém que me abre as feridas, que as cicatriza e depois me enche com mais?
Penso que Ele sabe o que faz e se não for para te ter, eu me conformarei com o pouco que poderei levar de você ao ir embora...
Dessa forma eu me consolo e sigo em frente sem lhe dar oportunidade de me torturar, pois agora eu que me torturo e não poderei mais te culpar.
Aqui fica o meu adeus ou quem sabe um até logo, que é logo ali nos meus sonhos...

Como de costume Sayuri faz seu passeio pelo Central Park, é verão e por lá fica horas. Acompanhada de sua bicicleta ela sente a energia da natureza revivescendo seu espírito. Sentindo-se completa, sozinha e em paz, ela vê que se aproxima a The Pond, onde ama passar seu tempo e também porque a saída está logo ali, podendo ficar sossegada quando tiver que ir embora.  Assim sendo, encosta a bicicleta na ponte e continua seus passos a pé, ouvindo  uma música de tirar qualquer um do eixo, batendo vontade de remexer, de apaixonar-se pelos detalhes que a circundam e claramente pela vida! É como se ela percebesse melhor este lugar ofuscado por alguns, que estão visualmente viciados nos demais pontos turísticos sem que possam notar a presença aconchegante deste recanto, que também possui belas paisagens e é virtuosamente mais vazio. Então ela se movimenta rotativamente e canta de olhos fechados “Every step you take, I’ll be watch...” e esbarra em alguém.Abriu os olhos totalmente desconcertada, pediu perdão com a mão na cabeça, cerrando os labios, pois havia derrubado sua bebida, maculando sua camisa. Ele muito educado diz para ela não se preocupar, que estava tudo bem, que o importante é que os dois sobreviveram ao crash. Em seguida ele diz: “foi um prazer ter esbarrado com a senhorita, pensei que estaria fadado a viver nesse marasmo das convenções humanas. Ele estende a mão e diz: Me chamo Lukas, como posso chama-la?” Então ela ri, aperta sua mão e diz: “Me chamo Sayuri, a humana das convenções desastrosas” Os dois sorriem um para o outro e então ele pergunta se há problema em lhe fazer companhia, ela diz que parece interessante tal experiência e foram para o lago, sentados ficaram admirando o lugar e trocando algumas ideias surrealistas. Depois de uma longa conversa descontraída ele disse que precisava lhe confessar algo: “Então, Senhorita Sayuri, não posso culpa-la por ter esbarrado em mim, você estava de olhos fechados e eu estava com os meus abertos, foi aí quando te vi e perdi a noção de tempo e espaço, então colidimos.” Ela sorri, morde a boca e diz: “ posso perceber que não teve a menor intenção de me encabular, né senhor Lukas?” Ele ri e diz: “de forma alguma” Então ela se vê pensativa, suspira e diz: “Sabe o que é mais estranho nisso? Quando esbarrei em você estava ouvindo  The Police e na parte I'll be watching you foi bem na hora que colidimos “ Ele então diz: “Nosso encontro não foi uma fatalidade, fatalidade seria eu nunca te conhecer!”

Sentados ali ficam, ele se aproxima cuidadosamente de Sayuri, ajeitando uma mecha de seus cabelos ruivos caída em seu rosto. Se aproxima mais, encostando seu nariz no dela e seus lábios se unem num encaixe perfeito, ali acende o fogo da paixão, o ardor da vontade, o desejo sendo intensificado de amar aquele corpo. Ele a deita na grama enquanto se beijam, encaixa seu quadril no dela, a fantasia esquenta cada vez mais nesses dois corpos que se encontram viciados por essa troca de prazer. Por fim, ali ficam algum tempo admirando um ao outro e ele diz que precisa ir, que ficou de comprar um vinho para uma ocasião com amigos e que ela o inspirou a comprar um vinho para dois. Dali eles se despedem com carinho e se vão. Será que outros encontros eles terão? Tendo ou não, uma aventura foi concretizada e jamais será esquecida. Que novas aventuras venham e nos façam sentir cada detalhe que possa nos marcar para o resto da vida.

Na minha ótica utópica sentado você estava e com as pernas esticadas eu via uma parte delas cruzadas, você mexia um pé no outro, dando a visão de fundo para um armário de madeira à sua esquerda e uma parede branca, sem nada, à sua frente. Lá no canto havia uma gaveta embutida nesse armário, era larga e baixa, você guardava sapatos ali, ela estava aberta, cheia de chinelos e havia um que se destacava fora dela no chão. De repente você não está mais sentado, está de pé e neste mesmo armário da gaveta dos chinelos, na outra ponta há uma porta embutida nele, ela está aberta para outro ambiente. Ali você estava, de camiseta branca, bermuda escura e chinelo, estava bem à vontade, afinal você estava em casa. Por alguma razão você se dirigia a mim, mas eu não via meu corpo, como se eu estivesse ali de forma real bem na sua frente. Então você sorri, como se tivesse algo importante a dizer, parecendo sem jeito e ao mesmo tempo confortável de maneira frugal. Sua credulidade moderada revela o que está a sentir, você tinha uma luz própria dando mais vida às suas reações, estava esplendoroso me fazendo acompanhar seus lábios, admirando seu sorriso enquanto justificava seu amor, que como uma mágica me hipnotizou por cada movimento que se desenvolvia com o sentimento de suas palavras...Nesse instante eu me senti lisonjeada, estupefata por não acreditar que esse momento tão esperado havia chegado. Então, foi que uma tristeza se instalou dentro do seu ser, fazendo-o cair curvado no chão, ficando como um feto, indefeso. Sem camisa você de repente está, vejo e sinto as minhas mãos no seu corpo, sentindo a emoção de poder tocar em você, nitidamente vejo a perfeição do seu corpo, os seus ossos sobressaltados sob sua pele, minhas mãos seguindo a linha da sua coluna, podendo sentir também seu calor e sua dor. E então, as minhas mãos nas suas costas deslizam carinhosamente para um abraço e ali eu deito no chão me encaixando em você, te protegendo com o meu carinho e enquanto as minhas lágrimas caem tento livrar a nós dois dessa dor repentina que lhe fez desmoronar e a mim emocionou, me fazendo te cobrir e saciar-te com todo o meu amor. Por ironia, agora acordada estou e sem o meu amor, mas eu tenho várias noites para voltar a dormir e tentar encontrá-lo para dar continuação ao que não terminou. E veja só, para o inferno te mandei e para o inferno e paraíso dos meus sonhos você foi e ali você acreditou no meu amor. Chego a conclusão de que não posso viver com ou sem você.